Os Boogarins “Dinho” Almeida e Benze Ferraz tocam música juntos desde a fervente adolescência. Nos jardins dos seus pais começaram a criar pop psicadélico, filtrando a rica cultura musical brasileira por entre lentes modernas. Passando de dueto para quarteto, com Ynaiã na bateria e Raphael no baixo, estrearam-se nas edições com As Plantas Que Curam (2013), disco que deixou o Brasil e Portugal de mãos dadas e ajoelhados perante os amplificadores sujos que gritam coisas bonitas. Daí entregaram-nos Manual, registo que os reconfirma como quatro dos mais entusiasmantes rock’n'rollers do Brasil, e, em 2017, Lá Vem a Morte, LP editado com rasgo de surpresa. Em 2019, dão passo certeiro na internacionalização, com um quarto álbum gravado no Texas e que continua a mostrar a vontade da banda em explorar as várias potencialidades de estúdio. Sombrou Dúvida é um retrato de um mundo instável e pessimista, que simultaneamente tenta reverter tudo isso com o positivismo da tecnologia. Um registo que anda na corda bamba, questionando as relações e o lugar delas no mundo, num conjunto de canções que sussurram a incerteza dos tempos enquanto nos dizem que está tudo bem.

O mais recente disco BACURI (2024) marca um retorno às suas raízes criativas, por ser o primeiro gravado inteiramente em casa desde a estreia.Não obstante este será o registo mais “hi-fi” da sua discografia: com texturas, camadas e ideias mais nítidas, trazendo uma versão lapidada da sua linguagem artística. O resultado são 10 faixas assinadas e compostas por todos os integrantes, que unem a força das apresentações ao vivo à inventividade das texturas de pós-produção predominantes nos discos anteriores. Para Benke, Dinho, Fefel e Ynaiã é a primeira vez que um registo gravado consegue capturar a energia que transmitem em palco.